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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Fevereiro... mês dos afetos e dos valores!


                    

Se fores capaz

Se fores capaz de manter a tua calma quando  
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,  
E para esses no entanto achar uma desculpa; 
Se fores capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se fores capaz de pensar -- sem que a isso só te atires,
De sonhar -- sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores; 
Se fores capaz de sofrer a dor de ver mudadas 
Em armadilhas as verdades que disseste, 
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se fores capaz de arriscar numa única parada 
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, 
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, 
Resignado, tornar ao ponto de partida; 
De forçar coração, nervos, músculos, tudo 
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo,
Resta a vontade em ti que ainda ordena:
"Persiste!";

Se fores capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se fores capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --
tu serás um homem!

 Rudyard Kipling Joseph (1865-1936)- Prémio Nobel da Literatura em 1907